Branco ganha 105% a mais que negro e pardo
DESIGUALDADE
IBGE aponta diferenças no rendimento médio e na taxa de desemprego de acordo com a cor do trabalhador
Folha de Sao Paulo - 05/06/2004
O drama do desemprego e da renda precária também tem nuances de cor. Que o diga Marinete do Espírito Santo Filha, 32, mulher negra que há sete meses procura um emprego no Rio de Janeiro para melhorar a renda de sua família, dependente hoje exclusivamente dos R$ 400 que seu marido recebe.
Uma pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que pardos e negros, como Marinete, têm taxa de desemprego maior e renda menor quando comparados com a população branca.
Segundo a pesquisa, a renda média de um trabalhador branco, de R$ 1.096 mensais, é 105% maior do que a de um negro ou pardo, de R$ 535 mensais. A taxa de desemprego também é maior entre negros e pardos. Nesse grupo, 15,3% da população procurava emprego. Entre brancos, a proporção é de 11,1%, enquanto no total da população ela é de 12,8%.
O cruzamento foi feito a partir de dados de março deste ano da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que analisa a situação do trabalho nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.
Se, assim como Marinete, a pessoa for negra e mulher, a desigualdade é dupla. As mulheres negras e pardas, segundo o IBGE, estão no degrau mais baixo da pirâmide salarial brasileira, com rendimento por hora de trabalho de R$ 2,78. Acima delas estão os homens negros e pardos (R$ 3,45), as mulheres brancas (R$ 5,69) e, por último, os homens brancos (R$ 7,16).
"O estudo mostra que a desigualdade é latente. Após 116 anos de abolição da escravidão, a desigualdade racial continua evidente no mercado de trabalho", afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME.
Pereira comenta que a pesquisa deixa evidente que a desigualdade racial tem um peso muito maior no mercado de trabalho do que a desigualdade de gênero.
"O homem tem rendimento médio maior do que a mulher, desde que ele não seja negro ou pardo e que ela não seja branca", afirma.
As diferenças entre negros e brancos vão ficando ainda mais agudas quando a PME compara o perfil da ocupação entre os dois grupos populacionais. A presença de negros e pardos é muito maior em ocupações que exigem menos qualificação e pagam salários mais baixos.
Da população negra ou parda ocupada, 11% estavam empregados em março em serviços domésticos e 10% na construção civil. Entre os brancos, essas porcentagens eram, respectivamente, de 5% e 6%.
Outra maneira de constatar essa desigualdade no perfil do trabalho é comparar a taxa de pessoas subocupadas, ou seja, brasileiros que trabalhavam habitualmente menos de 40 horas semanais e que declararam que desejavam trabalhar mais. Entre negros e pardos, a taxa é de 5,4%, ante 4,3% entre brancos.
IBGE aponta diferenças no rendimento médio e na taxa de desemprego de acordo com a cor do trabalhador
Folha de Sao Paulo - 05/06/2004
O drama do desemprego e da renda precária também tem nuances de cor. Que o diga Marinete do Espírito Santo Filha, 32, mulher negra que há sete meses procura um emprego no Rio de Janeiro para melhorar a renda de sua família, dependente hoje exclusivamente dos R$ 400 que seu marido recebe.
Uma pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que pardos e negros, como Marinete, têm taxa de desemprego maior e renda menor quando comparados com a população branca.
Segundo a pesquisa, a renda média de um trabalhador branco, de R$ 1.096 mensais, é 105% maior do que a de um negro ou pardo, de R$ 535 mensais. A taxa de desemprego também é maior entre negros e pardos. Nesse grupo, 15,3% da população procurava emprego. Entre brancos, a proporção é de 11,1%, enquanto no total da população ela é de 12,8%.
O cruzamento foi feito a partir de dados de março deste ano da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que analisa a situação do trabalho nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.
Se, assim como Marinete, a pessoa for negra e mulher, a desigualdade é dupla. As mulheres negras e pardas, segundo o IBGE, estão no degrau mais baixo da pirâmide salarial brasileira, com rendimento por hora de trabalho de R$ 2,78. Acima delas estão os homens negros e pardos (R$ 3,45), as mulheres brancas (R$ 5,69) e, por último, os homens brancos (R$ 7,16).
"O estudo mostra que a desigualdade é latente. Após 116 anos de abolição da escravidão, a desigualdade racial continua evidente no mercado de trabalho", afirma Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME.
Pereira comenta que a pesquisa deixa evidente que a desigualdade racial tem um peso muito maior no mercado de trabalho do que a desigualdade de gênero.
"O homem tem rendimento médio maior do que a mulher, desde que ele não seja negro ou pardo e que ela não seja branca", afirma.
As diferenças entre negros e brancos vão ficando ainda mais agudas quando a PME compara o perfil da ocupação entre os dois grupos populacionais. A presença de negros e pardos é muito maior em ocupações que exigem menos qualificação e pagam salários mais baixos.
Da população negra ou parda ocupada, 11% estavam empregados em março em serviços domésticos e 10% na construção civil. Entre os brancos, essas porcentagens eram, respectivamente, de 5% e 6%.
Outra maneira de constatar essa desigualdade no perfil do trabalho é comparar a taxa de pessoas subocupadas, ou seja, brasileiros que trabalhavam habitualmente menos de 40 horas semanais e que declararam que desejavam trabalhar mais. Entre negros e pardos, a taxa é de 5,4%, ante 4,3% entre brancos.
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