Mundo Cão
ELIANE CANTANHÊDE
Mundo cão
BRASÍLIA - Dados do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento): 1,1 bilhão de pessoas vive com menos de US$ 1 por dia; 11 milhões de crianças morreram em 2002 antes de completar um ano; 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável; 2,7 bilhões moram em casas sem saneamento básico; 104 milhões de crianças em idade escolar estão fora da sala de aula.
Ufa! É de tirar o fôlego de qualquer um e provoca uma reflexão sobre o que, afinal, essa tal de globalização está significando para um mundo mais justo, mais equilibrado.
A resposta está no próprio Relatório de Desenvolvimento Humano 2004, a ser oficialmente anunciado hoje em vários países: o que mais chama a atenção, frisam seus analistas, não são as carências em si, mas "o ritmo de diminuição" delas. A coisa está feia e não anda, ou anda muito devagar. Às vezes, até recua.
Entre os 33 países da América Latina e do Caribe, há passos positivos para diminuir a fome e a mortalidade infantil, de um lado, e para aumentar o acesso ao ensino básico, de outro. A má notícia é que, se há esforços para esses programas sociais específicos, o continente está perdendo a batalha principal: a redução do número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia, na mais profunda miséria.
No mundo em geral, o dado mais assustador do relatório é justamente nesse sentido. Em 46 países, as pessoas estão mais pobres hoje do que em 1990. Em 25, há mais gente passando fome do que na década passada. Em 20 -na África sobretudo, graças à Aids-, os índices de desenvolvimento humano caíram.
O problema do mundo, das regiões, dos países e dos Estados dentro dos países continua sendo não apenas de renda, mas principalmente de má distribuição da renda.
O que nos faz pensar: por que os países não conseguem radicalizar contra a corrupção e a favor de políticas redistributivas? E por que, em vez de bombardear o Iraque, as maiores potências não tentam globalizar o bem-estar?
Mundo cão
BRASÍLIA - Dados do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento): 1,1 bilhão de pessoas vive com menos de US$ 1 por dia; 11 milhões de crianças morreram em 2002 antes de completar um ano; 1,2 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável; 2,7 bilhões moram em casas sem saneamento básico; 104 milhões de crianças em idade escolar estão fora da sala de aula.
Ufa! É de tirar o fôlego de qualquer um e provoca uma reflexão sobre o que, afinal, essa tal de globalização está significando para um mundo mais justo, mais equilibrado.
A resposta está no próprio Relatório de Desenvolvimento Humano 2004, a ser oficialmente anunciado hoje em vários países: o que mais chama a atenção, frisam seus analistas, não são as carências em si, mas "o ritmo de diminuição" delas. A coisa está feia e não anda, ou anda muito devagar. Às vezes, até recua.
Entre os 33 países da América Latina e do Caribe, há passos positivos para diminuir a fome e a mortalidade infantil, de um lado, e para aumentar o acesso ao ensino básico, de outro. A má notícia é que, se há esforços para esses programas sociais específicos, o continente está perdendo a batalha principal: a redução do número de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por dia, na mais profunda miséria.
No mundo em geral, o dado mais assustador do relatório é justamente nesse sentido. Em 46 países, as pessoas estão mais pobres hoje do que em 1990. Em 25, há mais gente passando fome do que na década passada. Em 20 -na África sobretudo, graças à Aids-, os índices de desenvolvimento humano caíram.
O problema do mundo, das regiões, dos países e dos Estados dentro dos países continua sendo não apenas de renda, mas principalmente de má distribuição da renda.
O que nos faz pensar: por que os países não conseguem radicalizar contra a corrupção e a favor de políticas redistributivas? E por que, em vez de bombardear o Iraque, as maiores potências não tentam globalizar o bem-estar?
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