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Mostrando postagens de junho, 2004

Plano vence inflação, mas não a desigualdade

Nova moeda trouxe estabilidade, porém ganhos sociais se dissiparam com os juros elevados e o baixo crescimento Folha de São Paulo Dez anos após o lançamento do real, no dia 1º de julho de 1994, a atual moeda brasileira pôs fim a uma das mais resistentes e duradouras inflações da histórica econômica mundial. Lançada ante o ceticismo da comunidade internacional e o descrédito dos brasileiros, a moeda conseguiu implodir o sistema de correção monetária enraizado na população e em todos os setores da economia. Entre 1994 e 2004, a inflação medida em São Paulo atingiu 143%. Na década anterior ao real, ficou em 200.160.601.286,84%. Esse avanço influenciou o comportamento dos 68,2 milhões de brasileiros que nasceram depois ou tinham até dez anos quando a moeda começou a circular. Exemplo dessa "geração desindexada", Julia Cardoso Zylbersztajn, 15, neta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz nem se lembrar do nome da moeda anterior -o cruzeiro real. Apesar desse avanço,

Rubens Ricupero: Mensagem ao nosso povo - 20/06/2004

Folha de São Paulo - OPINIÃO ECONÔMICA Mensagem ao nosso povo RUBENS RICUPERO "Devemos aceitar a crescente internacionalização dos circuitos monetários e financeiros, com a conseqüente perda de autonomia das decisões, e fazê-lo numa fase em que o protecionismo dos países centrais se reafirma? Teremos de renunciar a uma política de desenvolvimento? Que conseqüências sociais devemos esperar de uma prolongada redução na criação de emprego?" Escritas com penetrante clarividência por Celso Furtado em 1982, hoje, passados 21 anos do início da crise da dívida e da década perdida, essas frases só exigem insignificante modificação: a retirada dos pontos de interrogação. Quem duvida ainda de que aceitar a internacionalização financeira conduz à perda de autonomia das decisões? Haverá quem insista em crer na possibilidade de ter política de desenvolvimento ou de ver em breve o fim do protecionismo agrícola dos ricos? Quanto às conseqüências sociais do persistente encolhimento

Para nações mais pobres, só comércio não resolve

Só comércio não é suficiente. A conclusão partiu da mesa-redonda sobre estratégias de desenvolvimento promovida ontem pelas delegações dos países mais pobres do mundo durante a 11ª Unctad. Em uma seqüência de discursos inflamados -que terminaram por atrasar em 20 minutos o final do encontro-, os representantes desses países enfatizaram que, sem o perdão da dívida externa dos países pobres, sem maior fluxo de recursos para essas economias e sem maior acesso a mercados, não há avanço possível. "O comércio não pode ser encarado como um remédio milagroso para a redução da pobreza. Ele não pode ser desvinculado de ajudas humanitárias e de investimentos estrangeiros diretos", disse à Folha Anwarul Chowdhury, alto representante para os países menos desenvolvidos. Ao longo das três horas do debate que aconteceu na 11ª Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), as intervenções feitas por delegados de Moçambique, Benin e Uganda, por exemplo, também ress

Índice de exclusão social "rebaixa" país

Índice de exclusão social "rebaixa" país Folha de Sao Paulo 17/06/2004 Desde que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) foi lançado pela ONU, em 1990, o Brasil nunca se orgulhou de sua posição ruim no ranking dos 175 países pesquisados. Mas um novo índice sobre exclusão social divulgado ontem joga o país ainda mais para trás no cenário mundial: da 65ª posição, o Brasil despenca para a 109ª colocação. Esse número faz parte do quarto volume do "Atlas da Exclusão Social", estudo liderado pelo economista da Unicamp Marcio Pochmann, secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo. Baseado em dados coletados pela ONU, eles criaram o Índice de Exclusão Social (IES) e, a partir daí, calcularam um novo ranking. Pela nova metodologia, o Brasil foi um dos países que mais caíram. Apesar de continuar numa posição intermediária, saiu do bloco do terço mais bem colocado para o do terço pior. O tombo brasileiro foi acompanhado por diversos outros países lati

Sob Lula, cresce total de milionários

Em 2003, 5.000 a mais somaram US$ 1 mi em investimentos SÉRGIO RIPARDO DA FOLHA ONLINE O Brasil ganhou 5.000 milionários no primeiro ano do governo Lula, apontou um estudo elaborado pelo banco americano de investimento Merrill Lynch e pela consultoria Capgemini e divulgado ontem. O levantamento considera milionária uma pessoa dona de investimentos financeiros de, no mínimo, US$ 1 milhão. A valorização do real ante o dólar e das ações em 2003 contribuiu para o aumento do número de ricos no ano passado, invertendo a queda registrada em 2002. Entre 2002 e 2003, o número de milionários brasileiros cresceu cerca de 6%, passando de 75 mil para 80 mil pessoas no final do ano passado, indicou a pesquisa, denominada "World Wealth Report" (em inglês, Relatório Mundial da Riqueza). Apesar do aumento, o resultado ainda é menor do que o registrado em 2001, quando foi estimado um total de 90 mil milionários em todo o país. Mais concentração Em todo o mundo, a riqueza do

Ganância no sec. XXI

"Não é que o ser humano esteja mais ganancioso do que em gerações passadas. É que as avenidas para a expressão da ganância se multiplicaram enormemente"   Alan Greenspan ao comitê bancário do Senado americano em 2002

O que aconteceu com o neoliberalismo?

ROBERTO MANGABEIRA UNGER Folha de São Paulo - 15/06/2004 Escorraçado de quase toda a parte, o neoliberalismo refugiou-se no Brasil. Como doutrina para os outros -os subdesenvolvidos-, a proposta neoliberal sobrevive hoje em quatro redutos: economistas, formados nos Estados Unidos nas últimas décadas do século passado, que estudaram o desenvolvimento como mero campo de aplicação das idéias reinantes em economia; o setor do governo americano que ensina a outros países o que fazer, ajudado por seus agregados no FMI e no Banco Mundial; os meios financeiros de elite; e a imprensa internacional de negócios. A essência da doutrina neoliberal foi e é a identificação arbitrária de uma idéia abstrata -a superioridade da economia de mercado- com uma fórmula institucional concreta -a necessidade, para os países atrasados, de adotar as instituições dos países ricos do Atlântico norte, sobretudo em sua vertente americana. A estabilização monetária e a prudência fiscal seriam me

Renda média do trabalhador atinge o nível mais baixo na década

Em 2003, a renda média do trabalhador brasileiro atingiu o seu nível mais baixo na década. Relatório sobre o primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai ser votado hoje pelo Tribunal de Contas da União, mostra que a renda dos trabalhadores, que girava em torno de R$ 1,3 mil em 1994, passou para R$ 1,210 mil em 2002 e atingiu 910 reais no ano passado.   Inversamente, as tarifas dos serviços públicos essenciais subiram em média mais de 300% e a carga fiscal passou de 28,6% para 36,7% no período, tornando-se uma das três maiores do mundo. Notícia extraida da www.cbn.com.br  

Imóvel será facilitado a família de baixa renda

Restrição afetará classe média DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O governo estuda mudanças nas regras dos financiamentos habitacionais concedidos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A idéia é limitar o acesso de famílias de classe média a essas linhas de crédito, em benefício da população de baixa renda. Segundo o secretário Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Jorge Hereda, uma proposta já foi enviada para o Conselho Curador do FGTS, que administra os recursos do fundo. Os empréstimos passariam a ser liberados apenas para famílias com renda até dez salários mínimos (R$ 2.600). Atualmente, o limite está em R$ 4.500. "Não é justo que o FGTS gaste cerca de 80% de seus recursos com empréstimos a famílias de classe média", afirma Hereda. De acordo com o secretário, 92% do déficit habitacional do país está concentrado em pessoas que ganham menos de três salários mínimos (R$ 780). Hereda diz, porém, que a redução no limite de renda para esses

Ricupero diz que reforma microeconômica não assegura desenvolvimento

Só o crescimento vai atrair investidores, diz Ricupero MARCIO AITH EDITOR DE DINHEIRO VINICIUS MOTA SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO Para o secretário-geral da Unctad, embaixador Rubens Ricupero, a condução da política econômica no Brasil é correta, mas insuficiente para assegurar um crescimento prolongado do país. Ex-ministro da Fazenda (1994), Ricupero diz que, sem investimentos, o país já sofre dificuldades para produzir aço e papel em quantidade suficiente para suprir a demanda e manter o crescimento de suas exportações. Para atrair investimentos, Ricupero, colunista da Folha, defende flexibilização da meta de inflação e câmbio mais desvalorizado. Ricupero demonstrou ceticismo com relação ao impacto positivo de reformas microeconômicas, como apregoa, entre outros, o ministro Antonio Palocci (Fazenda). "Não vejo ninguém ter mais "animal spirit" [propensão a assumir riscos investindo na produção] com a perspectiva de uma melhor Lei de Falências."

Branco ganha 105% a mais que negro e pardo

DESIGUALDADE IBGE aponta diferenças no rendimento médio e na taxa de desemprego de acordo com a cor do trabalhador Folha de Sao Paulo - 05/06/2004 O drama do desemprego e da renda precária também tem nuances de cor. Que o diga Marinete do Espírito Santo Filha, 32, mulher negra que há sete meses procura um emprego no Rio de Janeiro para melhorar a renda de sua família, dependente hoje exclusivamente dos R$ 400 que seu marido recebe. Uma pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que pardos e negros, como Marinete, têm taxa de desemprego maior e renda menor quando comparados com a população branca. Segundo a pesquisa, a renda média de um trabalhador branco, de R$ 1.096 mensais, é 105% maior do que a de um negro ou pardo, de R$ 535 mensais. A taxa de desemprego também é maior entre negros e pardos. Nesse grupo, 15,3% da população procurava emprego. Entre brancos, a proporção é de 11,1%, enquanto no total da população ela é de 12,8%

Devagar com o andor...

Amigos, Continuando com a discussão sobre o crescimento do PIB Brasileiro no primeiro trimestre de 2004 este artigo, conclui que os números, se vistos mais de perto revelam que este crescimento é devido, na sua maior parte, ao aumento das exportações. Enquanto o consumo dos brasileiros, que corresponde a 60% do PIB, cresceu apenas 0,3% , as exportações aumentaram 5,6%. Portanto, o crescimento econômico ainda não chegou ao cidadão comum.   Crescimento em si nem sempre é sinal de melhoria do bem-estar social. Vejam o artigo na íntegra, abaixo.   OPINIÃO ECONÔMICA LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS Folha de São Paulo   - 04/06/2004   A expansão do PIB no primeiro trimestre deste ano foi recebida com grande euforia pelo presidente Lula e sua equipe. As manifestações públicas de membros da equipe econômica chegaram a passar do limite do razoável. O presidente do Banco Central, por exemplo, disse à imprensa que a economia brasileira está crescendo a taxas mais ele

Negros e pardos são mais atingidos por desemprego e recebem menos

O artigo se mostra pertinente com o objetivo do blog - discutir exclusão social -, uma vez que traduz em termos práticos a discussão que, quase sempre, se encerra no plano acadêmico. ******************************* O desemprego atingiu mais negros e pardos do que brancos em março passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O levantamento foi feito com base na PME (Pesquisa Mensal do Emprego), realizada nas seis maiores regiões metropolitanas do país. A taxa de desemprego entre a população de cor preta ou parda chegou a 15,3%. Na população de cor branca, a taxa correspondeu a 11,1%. Na média das seis maiores regiões metropolitanas, a taxa de desemprego foi de 12,8%. A pesquisa também revela que negros e pardos receberam a metade da renda dos brancos. A renda média do branco correspondeu a R$ 1.096 em março mas a renda do pardo ou do negro foi de R$ 535. Em Salvador, onde 87% da população em idade ativa (de 10 anos ou mais) é de cor preta ou

Escolha o fundamento

Decisão proferida pelo juiz Rafael Gonçalves de Paula nos autos nº 124/03 - 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas/TO DECISÃO Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha, que foram detidos em virtude do suposto furto de duas (2)melancias. Instado a se manifestar, o Sr. Promotor de Justiça opinou pela manutenção dos indiciados na prisão. Para conceder a liberdade aos indiciados, eu poderia invocar inúmeros fundamentos: os ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e Ghandi, o Direito Natural, o princípio da insignificância ou bagatela, o princípio da intervenção mínima, os princípios do chamado Direito alternativo, o furto famélico, a injustiça da prisão de um lavrador e de um auxiliar de serviços gerais em contraposição à liberdade dos engravatados que sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de se colocar os indiciados na Universidade do Crime (o sistema penitenciário nacional),... Poderia sustentar que duas melancias não enriqu

146 mil aposentados podem morrer antes da revisão

Folha de Sao Paulo - 01/07/2004 Dieese calcula que 146 mil aposentados podem morrer antes da revisão   O Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical encomendou uma pesquisa para saber quantos aposentados com direito à revisão pela URV (Unidade Real de Valor) estariam mortos caso aceitassem o parcelamento da dívida proposto pelo governo. O resultado do estudo realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) surpreendeu o presidente do sindicato, João Batista Inocentini. Segundo o cálculo, cerca de 146 mil pessoas -do 1,88 milhão com direito à revisão- não estariam vivas para receber o pagamento em até oito anos. "Não dá para levar a sério a proposta do governo. É bem pior do que imaginávamos quando pedimos a pesquisa", disse Inocentini. Para chegar a esse número, os técnicos do Dieese cruzaram dados que o Ministério da Previdência apresentou sobre o parcelamento da revisão com os dados do IBGE sob