Elite ocupa até 1/4 das vagas na rede pública
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A idéia de que na escola pública só estudam pobres é desmentida por uma pesquisa do projeto Gestão para o Sucesso Escolar, realizada com 26 mil alunos de 200 escolas públicas dos Estados de São Paulo e Santa Catarina.
O estudo -de iniciativa dos institutos Gestão Educacional e Protagonistés- mostra que, na 8ª série dessas escolas, a presença de estudantes das classes A e B, de maior poder de consumo, é maior do que a das classes D e E.
Segundo a pesquisa, 26% dos estudantes da 8ª série fazem parte das classes A e B, enquanto 22% são das classes D e E. Na 4ª série, a proporção de alunos da elite também é significativa (20%), mas inferior à de mais pobres (29%).
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa usou o Critério Brasil, padrão usado pelo mercado publicitário para avaliar o poder de consumo da população. O critério não leva em conta apenas a renda familiar, mas também a posse de bens e outras características.
Em ambas as séries, a pesquisa mostra que a maioria dos alunos dessas escolas é da classe C (50% na 4ª série e 52% na 8ª série).
Para Rose Neubauer, coordenadora da pesquisa e ex-secretária estadual da Educação de São Paulo, a maior proporção de alunos das classes A e B na 8ª série revela um problema do sistema de ensino: estudantes mais pobres abandonam mais a escola antes do último ano do ensino fundamental.
O critério para a escolha das escolas no projeto Gestão para o Sucesso Escolar foi apresentar indicadores que precisam melhorar e a vontade de mudar dos diretores.
"Não é nenhuma surpresa constatar que uma parte da elite está na escola pública porque os dados do Censo Escolar do Ministério da Educação mostram que 90% dos estudantes brasileiros estudam na rede pública no ensino fundamental", disse Neubauer.
Francisco Poli, secretário da Udemo (sindicato que representa diretores de São Paulo), lembra também que a presença da elite em escolas públicas é muito maior nas cidades do interior do que na capital de São Paulo.
"Nas cidades menores, às vezes nem tem escola particular no ensino fundamental. Uma escola pública de uma cidade do interior atende a uma clientela bem diferente de uma escola pública da zona leste de São Paulo", disse.
A comparação das notas dos alunos por classes mostra que os estudantes mais ricos têm desempenho melhor do que os mais pobres. A pesquisa indica, no entanto, que o efeito da repetência é o mesmo em todas as classes.
Alunos da classe A que não repetiram tiveram média de acerto de 67% das questões em uma prova de português na 4ª série. Entre os estudantes da mesma classe que estavam repetindo a 4ª série, a média de acertos caiu para 52%.
Essa diferença a favor dos que estão fazendo a 4ª série pela primeira vez acontece em todas as classes. Na classe E, a média de acertos dos não-repetentes foi de 55%, enquanto entre os repetentes a proporção caiu para 47%.
Na escola municipal Geni Leite da Silva, de Birigüi (SP), que faz parte do projeto Gestão para o Sucesso Escolar, a diretora Áurea Serra afirma que os professores têm que lidar com alunos de todas as classes. "Os problemas que cada aluno apresenta e a solução para cada caso variam de acordo com a classe. Às vezes, a escola pode indicar para pais da classe A que o filho procure um terapeuta ou fonoaudiólogo por conta própria. No caso de alunos mais pobres, a escola precisa encaminhá-los para uma instituição pública."
DA SUCURSAL DO RIO
A idéia de que na escola pública só estudam pobres é desmentida por uma pesquisa do projeto Gestão para o Sucesso Escolar, realizada com 26 mil alunos de 200 escolas públicas dos Estados de São Paulo e Santa Catarina.
O estudo -de iniciativa dos institutos Gestão Educacional e Protagonistés- mostra que, na 8ª série dessas escolas, a presença de estudantes das classes A e B, de maior poder de consumo, é maior do que a das classes D e E.
Segundo a pesquisa, 26% dos estudantes da 8ª série fazem parte das classes A e B, enquanto 22% são das classes D e E. Na 4ª série, a proporção de alunos da elite também é significativa (20%), mas inferior à de mais pobres (29%).
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa usou o Critério Brasil, padrão usado pelo mercado publicitário para avaliar o poder de consumo da população. O critério não leva em conta apenas a renda familiar, mas também a posse de bens e outras características.
Em ambas as séries, a pesquisa mostra que a maioria dos alunos dessas escolas é da classe C (50% na 4ª série e 52% na 8ª série).
Para Rose Neubauer, coordenadora da pesquisa e ex-secretária estadual da Educação de São Paulo, a maior proporção de alunos das classes A e B na 8ª série revela um problema do sistema de ensino: estudantes mais pobres abandonam mais a escola antes do último ano do ensino fundamental.
O critério para a escolha das escolas no projeto Gestão para o Sucesso Escolar foi apresentar indicadores que precisam melhorar e a vontade de mudar dos diretores.
"Não é nenhuma surpresa constatar que uma parte da elite está na escola pública porque os dados do Censo Escolar do Ministério da Educação mostram que 90% dos estudantes brasileiros estudam na rede pública no ensino fundamental", disse Neubauer.
Francisco Poli, secretário da Udemo (sindicato que representa diretores de São Paulo), lembra também que a presença da elite em escolas públicas é muito maior nas cidades do interior do que na capital de São Paulo.
"Nas cidades menores, às vezes nem tem escola particular no ensino fundamental. Uma escola pública de uma cidade do interior atende a uma clientela bem diferente de uma escola pública da zona leste de São Paulo", disse.
A comparação das notas dos alunos por classes mostra que os estudantes mais ricos têm desempenho melhor do que os mais pobres. A pesquisa indica, no entanto, que o efeito da repetência é o mesmo em todas as classes.
Alunos da classe A que não repetiram tiveram média de acerto de 67% das questões em uma prova de português na 4ª série. Entre os estudantes da mesma classe que estavam repetindo a 4ª série, a média de acertos caiu para 52%.
Essa diferença a favor dos que estão fazendo a 4ª série pela primeira vez acontece em todas as classes. Na classe E, a média de acertos dos não-repetentes foi de 55%, enquanto entre os repetentes a proporção caiu para 47%.
Na escola municipal Geni Leite da Silva, de Birigüi (SP), que faz parte do projeto Gestão para o Sucesso Escolar, a diretora Áurea Serra afirma que os professores têm que lidar com alunos de todas as classes. "Os problemas que cada aluno apresenta e a solução para cada caso variam de acordo com a classe. Às vezes, a escola pode indicar para pais da classe A que o filho procure um terapeuta ou fonoaudiólogo por conta própria. No caso de alunos mais pobres, a escola precisa encaminhá-los para uma instituição pública."
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