O dia em que o luxo não encontrou clientes

Começou como uma dessas histórias que costumam morrer nas páginas de polícia dos jornais e terminou como uma parábola do Brasil. Às 21 horas do sábado, 28 de maio, um caminhão deixou o Porto de Santos com um lote de produtos da marca inglesa Burberry, sinônimo de luxo, avaliado em R$ 1,3 milhão. O rumo eram as prateleiras e araras da nova Daslu, a loja paulista destinada ao mercado AAA. A poucos metros do endereço, no bairro de Vila Olímpia, numa ponte debaixo da qual vivem famílias sem teto, a carga foi interceptada por uma quadrilha. Apenas cinco dias depois, no início da noite de quarta-feira, a Divisão de Investigações sobre Furtos e Roubo de Cargas recuperou o butim. Foram atraídos a uma favela da zona leste de São Paulo por crianças e jovens que exibiam vistosos bonés com a célebre estampa quadriculada da Burberry. O desmantelamento da gangue deu-se porque os criminosos não conseguiram compradores – e quase tudo permaneceu guardado num depósito mambembe, exceção ao que havia sido dado de brinde à criançada. As peças estavam etiquetadas. Um vestido de passarela indicava R$ 15 mil. As bolsas, R$ 3 mil. As calças jeans, R$ 3 mil. Moral da história: o luxo não encontrou clientes. “Esse crime nos faz pensar o que significa a força de uma marca, o valor agregado, o posicionamento de uma empresa e sua trajetória no mundo atual”, diz Carlos Ferreirinha, consultor da Burberry para o Brasil, especialista neste segmento requintado. “Nas mãos de criminosos que tentam vender a pessoas simples, o luxo vale muito pouco, quase nada. Luxo não é para qualquer um”. (clique no título para ler a materia completa da revista Isto é Dinheiro)

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