O dia em que o luxo não encontrou clientes
Começou como uma dessas histórias que costumam morrer nas páginas de polícia dos jornais e terminou como uma parábola do Brasil. Às 21 horas do sábado, 28 de maio, um caminhão deixou o Porto de Santos com um lote de produtos da marca inglesa Burberry, sinônimo de luxo, avaliado em R$ 1,3 milhão. O rumo eram as prateleiras e araras da nova Daslu, a loja paulista destinada ao mercado AAA. A poucos metros do endereço, no bairro de Vila Olímpia, numa ponte debaixo da qual vivem famílias sem teto, a carga foi interceptada por uma quadrilha. Apenas cinco dias depois, no início da noite de quarta-feira, a Divisão de Investigações sobre Furtos e Roubo de Cargas recuperou o butim. Foram atraídos a uma favela da zona leste de São Paulo por crianças e jovens que exibiam vistosos bonés com a célebre estampa quadriculada da Burberry. O desmantelamento da gangue deu-se porque os criminosos não conseguiram compradores – e quase tudo permaneceu guardado num depósito mambembe, exceção ao que havia sido